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sábado, 26 de abril de 2014

Comer para quê???

Nunca gostei de verduras. Acho que já nasci detestando salada e legumes. Com o tempo, passei a perceber que isso era um problema, já que comer saudável é bem importante, principalmente, quando vc é adolescente e quer manter o peso. Não foram uma nem duas vezes que tentei incluir no meu cardápio alimentos mais saudáveis, mas sempre essas tentativas foram frustadas. 


Então, nasceu a Alice. Aí comecei a me preocupar mais. Afinal, agora eu tinha motivos muito maiores e mais importantes para incorporar uma alimentação mais saudável à minha vida: minha filha. Eu sempre quis que ela, diferente de mim, comesse verduras, legumes e frutas por prazer e não porque é NECESSÁRIO. Assim sendo, fui incorporando mais legumes e verduras à nossa dieta. 

Nessa coisa, embarquei em um negócio muito mais profundo. Fui me informando sobre alimentação, sobre comidas industrializadas, sobre coisas que comemos e nem sabemos de onde vem e a coisa tomou rumos muito maiores. Não só incorporei legumes e verduras à mesa como cortei uma série de itens que antes não faltavam aqui em casa, tais como: bolachas recheadas, salgadinhos, miojo, temperos prontos, refris, iogurte e por aí vai. Os dois últimos não consegui cortar totalmente ainda, mas já restringimos bastante. 

Aí veio a segunda parte da mudança: comer fora. Isso, para mim, foi/está sendo muito difícil porque sempre gostei de comer fora, seja refeição ou lanche. Mas, com uma criança pequena não dá pra comer qualquer coisa porque ela vai querer experimentar e não estou disposta a dar sorvete do mc'donalds ou hambúrguer e batata frita para uma criança tão pequenininha que ainda está formando o paladar. Também não queria que ela comesse comida muito condimentada como essas de restaurante... enfim fiquei muito mais chata exigente.

Toda essa mudança significou que passamos a comer muito mais comidas feitas em casa. Desde feijão com arroz até iogurte e bolacha. Passei a inventar (com a ajuda da minha mãe) coisas muito gostosas para comer e que são mais saudáveis porque usamos temperos e ingredientes mais naturais e selecionados. Isso dá muito mais trabalho, mas é inegável que a comida fica muito mais saborosa... Suco de caixinha nem se compara a suco natural (que inclusive sai mais barato), chá de ervas fresquinhas tem um gosto muito diferente de chá de lata, bolo caseiro é muito melhor do que bolacha recheada, torta salgada ganha fácil de pizza... e assim, fomos aprendendo a dar novos sabores à comida.

Porém, toda essa mudança não significa que não continuo tendo vontade de comer um hambúrguer com fritas de fast food, um cachorro quente da esquina, uma pizza, tudo isso com uma coca bem gelada... mas, como sempre estou com uma criança pequena, procuro evitar esse tipo de comida. 

Até que, faz um tempinho, minha irmã me convidou para ir comer um hambúrguer em uma conhecida rede de fast food e eu adoro aquele hambúrguer... confesso que fiquei muito tentada, mas sabia que, se eu fosse, a Alice, claro, ía querer experimentar. Isso significava dar hambúrguer e batata frita para ela... Pensei, repensei. Pesei minha vontade de comer uma porcaria (quem nunca, né?!) e a vontade de oferecer à minha filha uma comida de qualidade.

Um parêntesis: muitos podem estar pensando que tudo isso é exagero meu e que é impossível restringir a alimentação de uma criança dessa forma e que, no fundo, eu sou uma fresca que não sabe de nada. Mas, antes que me atirem pedras, só queria deixar um ponto muito claro: eu já li muito sobre o poder de marketing sobre as crianças desses tipos de produtos porcaria, do quanto as crianças são indefesas e do quanto podem ser prejudicadas quando influenciadas por esse marketing. E pior do que tudo isso: esse tipo de comida é porcaria pura, além de viciar, estraga com o desenvolvimento do paladar da criança e não tem valor nutricional nenhum, ou seja, só serve para o mal. Só uma dica, para quem ainda não viu, tem dois documentários ótimos sobre o assunto: Muito além do peso e Criança, a alma do negócio. Então, antes de me criticar por buscar uma alimentação de qualidade para minha filha, vejam esses documentários e reflitam sobre como essas grandes marcas de comida porcaria associam seus produtos de péssima qualidade e de valor nutricional zero a brinquedos e parafernálias para, primeiro, atrair as crianças e depois vicia-las para sempre em suas comidas ruins. Eu sei que posso parecer uma fanática, mas somente procuro analisar o mundo e proporcionar as escolhas mais coerentes para uma criança que não sabe discernir o bom do ruim (isso, para mim, é educar...).

Se você continuou lendo o texto, é porque concorda, pelos menos um pouco, comigo, então sigamos com a história. Resolvi recusar o convite da minha irmã. Com uma dor no coração, confesso, mas fiquei em casa fazendo um lanche de pão com geleia caseira de morango e chá de hortelã (recém colhido do quintal) na companhia de mamãe, maridinho e Alicinha. Foi muito legal.

Mas, eis que a vida, sorrateira como sempre, trouxe uma reviravolta. Passaram-se alguns dias, depois de dar aula à noite, eu precisava sacar dinheiro para pagar o estacionamento e ir embora. Fui ao shopping atrás de um caixa eletrônico, que estava do outro lado do mundo. Tinha que atravessar o shopping todo (inclusive a praça de alimentação) para chegar ao caixa eletrônico. La fui eu, com a fome digna das 9:30 da noite atrás de um caixa eletrônico. Para piorar, eu teria que esperar até às 10:30 para pegar minha irmã na faculdade... ai Jesus... me veio na cabeça uma ideia... e se eu comesse o tal do sanduíche, sozinha, tranquila, sem uma criança pulando na cadeira e saracoteando sem parar... fazia tanto tempo que eu não comia aquele sanduíche. E mais, fazia tanto tempo que eu não comia sozinha, tranquila, em uma praça de alimentação... De novo, pesei minha vontade e tudo que eu já sei sobre essas comidas porcarias... aí pensei em quando teria essa oportunidade de estar sozinha no shopping outra vez (quem tem filhos pequenos sabe do que estou falando)... e cheguei à conclusão de que um ser humano não merece ser tentado tantas vezes dessa forma e sucumbi... Entrei na fila da lanchonete... Enquanto esperava, uma briga interna tomava conta de mim... espero ou vou embora, comer ou não comer,... esperei.

Chegou minha vez, pedi e paguei. Vinte reais para comer um negócio que só faz mal, mas... enfim... como disse, sucumbi.

Então, fiquei do lado no balcão esperando pela minha senha. Fiquei esperando mais de dez minutos por um "FAST FOOD" (contradição). Estava faltando batata frita, então demorou bastante. Quando chegou a batata, eles a despejaram em uma bandeja de qualquer jeito como se aquilo fosse tudo menos comida e puseram muito sal (não gostei de ver todo aquele sal). Como a batata tinha acabado de sair, estava brilhando de gordura ainda... (também não gostei de ver aquilo). 

Peguei meu lanchinho e fui me sentar. O problema é que todas as mesas estavam sujas (detestei, gosto de comer tranquila em lugares limpos) e a música estava super alta (odiei, detesto comer com barulho). Comecei a comer... aí veio o pior... achei aquela comida tão sem graça, tão sem sabor, tão ruim. Parece que eu estava comendo plástico. Tudo muito artificial, nem um cheiro verde, nem um manjericão pra dar um gostinho especial... 

Depois, pude comprovar como aquela tinha sido uma refeição inesquecível, pois lembrei dela a noite inteira. Muita azia. Arrotei a noite toda aquele sanduíche. Parece que meu corpo estava dizendo: vc não queria porcaria? Ta aí querida... pode sentir o gostinho...

Enfim, não valeu a pena. Se eu fosse para casa e comesse um pão com carne moída da geladeira e suco de morango (natural) em companhia da minha filhinha, que não para quieta, e do maridão teria sido muito melhor... 

Acho que o lado bom dessa história é o seguinte: apaguei a imagem de que aquele tipo de comida é gostosa. Desculpe, mas gostosa é a comida que EU FAÇO, bem temperadinha com cheiro verde e manjericão... 

Se vc chegou ao final dessa história, é porque concorda, pelo menos em parte, comigo... então seguimos assim, juntos por uma comida melhor que resultará em uma vida melhor para nossos pequenininhos. Menos diabetes, menos colesterol (aliás meu colesterol baixou 80 pontos desde que mudei de hábitos. O médico me perguntou como eu consegui...), menos doença e mais prazer em comer comidas de verdade, que valham a pena.


A imagem é do Blog Infância Livre de Consumismo (amo!!!!)








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